O COMEÇO DE ALGUMA COISA A PARTIR DE UM RODAPÉ.

Ontem na agência batíamos um brain na busca por uma idéia corriqueira e até, se posso dizer, clichê, para um rodapé da Troppo. A conversa obviamente , por ser forçada diante de um prazo até razoável, não ía bem. Sempre batíamos nos pormenores do cliente o que levava o anúncio sempre para os mesmos resultados covardes. Por se tratar de um pacote de mídia grande e por existir assiduidade semanal sempre esbarravamos no varejo promíscuo disfarçado de boa idéia.

O estagiário foi embora, o sócio foi embora e eu fiquei só. Foi meio que um transe ou apagão já que não lembro como a idéia apareceu. Mas apareceu. Uma idéia totalmente fora do padrão que não era propaganda e nem arte, não era poesia e também não era texto quente nem frio. De repente, eu mudei. A partir dali, daquela sacada, já não era mais o mesmo. O anúncio me mudou. Parecia que eu acabava por resgatar um sentimento que há alguns meses, eu não tinha mais com a Publicidade. E graças ao anúncio eu lembrei por que eu me tornei publicitário. Me lembrei daquele sentimento de realização profissional. Me lembrei de que é preciso visualizar a caixa para saber que nunca devemos pensar dentro dela.

É incrível o que a profissão pode fazer com a gente. Não é brincadeira. Foi uma sensação maravilhosa. Mesmo sabendo que é um anúncio sem relevância histórica para os milhares de Olivettos de Belém, mesmo sabendo que não vai ser um anúncio premiado e mesmo sabendo que haverão sucessores pra ele no meu portfólio eu posso dizer que, finalmente, um rodapé mudou tudo pra mim. Não desmerecendo a força e relevância dos milhares de anúncios que já fiz, mas a publicidade mudou pra melhor.